Dez
séculos de ensino e aprendizagem universitários formais não mudam de
uma hora para outra, ou pelo menos sem uma revolução. Mas já estamos
vendo algumas tendências tecnológicas apoiadas pelo envolvimento pessoal
dos próprios estudantes e é aí que reside o segredo da mudança!
Aqui estão cinco principais tendências emergentes em todo o mundo, na área de Educação Superior.
1. Mobilidade
À medida que avançamos, o ensino superior vai se tornando cada vez mais
móvel, e os alunos acabam carregando sua universidade no bolso.
Dispositivos de computação móvel (como smartphones e tablets) estão mais
acessíveis e são muito mais fáceis de usar do que os desktops. Em breve
as baterias terão muito maior tempo útil, durando dias e sem perda de
sua eficiência.
Dispositivos móveis fornecem funcionalidade mais do que suficiente para
servir como um dispositivo de computação básico para a aprendizagem e
são comprados por bilhões de pessoas em todo o mundo.
Tablets, em particular, são muito populares. Um relatório recente
apresentado no jornal The Chronicle mostra que nos últimos 12 meses, o
número de estudantes universitários americanos que possuem um tablete,
mais que triplicou.
Nos últimos quatro anos, as pequenas extensões de software(os
aplicativos) de baixo custo para esses dispositivos (APPs), têm sido
foco de desenvolvimento em termos de qualidade, diversidade e volume.
Os aplicativos estão disponíveis para ampla variedade de usos como, por
exemplo, o acesso aos conteúdos arquivados em bibliotecas universitárias
e materiais de curso.
Em breve teremos novos aplicativos voltados à Educação com inovadoras
finalidades e muitos educadores incorporando esses aplicativos em suas
práticas pedagógicas cotidianas.
Mesmo algo tão simples como conseguir ler os conteúdos de um curso,
mesmo estando em movimento (através de um smartphone ou tablet) tem se
mostrado extremamente benéfico.
2. Conectividade
Utilizar a nuvem de computação como arquivo é unificar tranquilamente
conteúdos e atividades disponibilizando-os em muitos dispositivos que as
pessoas usam na vida cotidiana. Se precisar conectar de casa, no
trabalho, da escola, na estrada ou em qualquer situação social, as
pessoas buscam e dependem, cada vez mais, do acesso em nuvem para
obterem suas informações e dados sobre sua comunidade.
A conectividade também se tornou muito mais transparente. O smartphone
no bolso indica sua localização e, portanto, onde estamos. Estes
dispositivos gravam nossas coordenadas de localização, bem como tiram
fotos, possibilitam a conversa entre amigos e até mensagens de
atualização para redes sociais.
O sistema de arquivamento em nuvem incorpora uma parte importante de
nossa vida que são todos os dispositivos de computação que utilizamos.
Gradativamente, muitos dos aplicativos educacionais também vão contar
com o sistema de nuvem.
O processo ensino-aprendizagem cada vez mais contará com o potencial de
locais de aprendizagem neste sentido, o próprio mundo vai se tornar o
campus da universidade.
Cada vez mais vamos poder ver os serviços e as práticas que realizamos
in loco e ao mesmo tempo sendo utilizados como uma ferramenta-chave do
processo de aprendizagem do ensino superior. Vamos ver o estudante de
administração aplicando um de estudo de caso, o assistente social no
meio da comunidade, a enfermeira no hospital, o arqueólogo em campo, e
todos imediatamente conectados com os recursos da universidade e com uma
comunidade acadêmica de mesmo nível.
3. Abertura
Nos últimos anos temos visto uma explosão de recursos educativos
on-line, gratuitos, que começaram no mercado cerca de dez anos atrás com
a iniciativa de open courseware do MIT.
Informação está em toda parte; o desafio é fazer uso eficaz dela na busca do aprendizado e do conhecimento.
Acadêmicos estão começando a explorar novos modelos para abrir mais o
leque de recursos, porém protegendo o valor acadêmico e reconhecendo a
autoria.
Uma das possibilidades é a tomada pela Creative Commons, simples e que
garante a licença com alguns direitos reservados que é a
Conversação, entre outros.
Em essência, o conteúdo fornecido sob essa licença permite que qualquer
pessoa use o material como quiser desde que siga as diretrizes criadas
pelo provedor de conteúdo.
Estudantes universitários são em geral muito produtivos. Eles criam o
tempo todo e muito além de suas tarefas, muitas vezes não percebendo
que, com isso, eles estão aprendendo.
Na verdade, eles estão simplesmente desfrutando o relacionamento, e se
divertindo. Eles sabem com facilidade como fazer uploads de fotografias,
de áudio e de vídeo direto para a nuvem.
A produção, avaliação e a interação com estes meios de comunicação
tornou-se tão importante quanto as tarefas mais básicas como pesquisar,
ler, assistir e ouvir.
As universidades estão começando a entender como elas podem adicionar
valor real ao processo de aprendizagem, usando mídias sociais para
conseguir um diálogo rico, envolvente e bidirecional entre seus alunos e
funcionários.
Nos próximos anos teremos a colaboração e a contribuição tornando-se
cada vez mais franqueada e totalmente engajada como um processo de
aprendizagem totalmente válido.
4. A inteligência coletiva
Crowdsourcing (recursos de multidão) é uma atividade de trocas entre
comunidades, geralmente temporárias, para contribuir com intercambio de
ideias, links ou materiais que de outra forma permaneceriam
desconhecidos.
Crowdsourcing muitas vezes é a solução para muitas questões que não
podem ser superadas por outros meios. Atualmente, nas universidades,
este é o recurso experimental que está sendo usado para os cursos
on-line gratuitos, ou MOOCs.
Nos próximos anos veremos muitas universidades utilizando, cada vez
mais, plataformas de redes sociais para compartilhar informações de
interesse comum.
O grande desafio é tornar ideias de inteligência coletiva como
conhecimento válido e aceito nas universidades como uma das formas
tradicionais de ensino.
Mas cada vez mais a comunidade acadêmica está percebendo o valor de
explorar ideias de crowdsourcing para o futuro. Os alunos já fazem.
5. Os mundos virtuais
Embora tenha causado furor, os avatares em mundos virtuais morreram.
Houve um tempo, poucos anos atrás, quando as empresas pensaram que os
mundos virtuais seriam bons lugares para promover e vender seus
produtos, como carros ou casas. Na prática, essa tendência não deu certo
e acabou. Mas muitas instituições de ensino hoje, ainda estão
desenvolvendo avatares para novas formas de aprendizagem.
Plataformas de mundos virtuais que fornecem avatares com espaço para
interagir já estão disponíveis incluindo o bem conhecido Second Life,
hoje bem mais desenvolvido.
A maioria das instituições de ensino superior estão realizando projetos
em espaços virtuais. No Second Life, existem milhares de experimentos
educacionais disponíveis, ativos e em andamento.
Os projetos iniciais foram fortemente baseados em cópia do mundo real,
especialmente reproduzindo campi físicos, mas as práticas têm
gradualmente dado lugar a empreendimentos mais experimentais.
Eles aproveitam oportunidades únicas oferecidas por mundos virtuais e outros ambientes de imersão digital.
Por exemplo, o Midia Jardim Zoológico, em Leicester, no Reino Unido,
criou mundos antigos para estudantes de Arqueologia o visitarem.
Iniciativa similar permite que estudantes de Psicologia pratiquem os
exercícios de retirada de uma plataforma de petróleo no caso de um
incêndio e, ainda oferece laboratórios virtuais de genética como opção
para aliviar o custo da construção de caros laboratórios físicos.
À medida que o tempo passa vamos ver universidades usando, cada vez,
mais espaços virtuais com avatares de alunos e professores colaborando
para um ensino inovador, para o processo de aprendizagem e projetos de
pesquisa.
O mundo virtual vai continuar nos permitindo fazer o que não pode ser
feito no mundo real, fornecendo plataformas para melhor atender a
necessidade do processo ensino-aprendizagem.
- Professor Gilly Salmon era um membro do painel para NMC Technology
Outlook Australian Ensino Superior 2012-2017, que foi lançado em 10 de
maio de 2012.
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