sábado, 30 de outubro de 2010

Estudante multitarefa e o novo papel do professor

Currículo defasado e falha na capacitação são desafios na formação de docentes

SAMIA MAZZUCCO


Currículos acadêmicos desatualizados e falha nos programas de capacitação e de avaliação dos docentes. São esses os desafios apontados pelos especialistas na qualificação de professores para trabalhar com as TICs (tecnologias da informação e comunicação) em sala de aula -do ensino infantil a universidades.
Segundo eles, a reforma dos currículos é uma das prioridades, porque é preciso formar um novo professor, para que a tecnologia seja um instrumento que atraia este novo aluno, cada vez mais "multitarefa".

Pesquisa da Fundação Victor Civita, em parceria com o Ibope e o Laboratório de Sistemas Integráveis da USP, mostrou que 70% dos entrevistados dizem estar pouco ou nada preparados para usar tecnologia na educação. A pesquisa, que ouviu 400 escolas públicas em 12 capitais brasileiras em 2009, também revelou que apenas 116 dessas instituições (29%) ofereceram cursos de capacitação para seus funcionários.
O bom uso das novas tecnologias auxilia professores na diversificação e no desenvolvimento das aulas, além de motivar os estudantes.

EFEITOS
É consenso entre os especialistas que ainda não é possível medir com precisão os efeitos do uso das novas tecnologias. O investimento recente em capacitação de docentes e a falta de mecanismos de avaliação são alguns dos motivos.
"Uma proposta é a autoavaliação, em que a escola reflita o uso pedagógico da tecnologia e gere relatórios para os gestores avaliarem os programas de formação", diz Maria Inês Bastos, consultora em novas tecnologias para educação da Unesco.
A única certeza é que o uso das tecnologias torna o aprendizado mais atraente.
Para Bastos, o modelo massificado de educação "está falindo ou já está falido". Por isso defende o uso da tecnologia como aliada do professor, que precisará saber estimular a criatividade e a troca de conteúdo entre os seus próprios alunos.

Fonte: Folha de São Paulo

Ensino a distância completa presencial

Ambientes virtuais de aprendizagem gratuitos facilitam uso interativo e pedagógico da internet, com chats, fóruns e blogs



No inverno de 2009, a ameaça da gripe suína levou escolas de São Paulo a suspender as aulas. Para não perder dias letivos, algumas delas colocaram o material didático em seus sites. Professores ficaram de plantão para tirar dúvidas, e alunos fizeram as lições em casa.

Essas aulas a distância foram depois validadas pelo governo estadual. O evento mostrou como a tecnologia pode complementar ou até substituir atividades em sala.

A difusão de sistemas gratuitos e de fácil manuseio para a criação de cursos a distância, como o australiano Moodle (moodle.org) e os brasileiros Solar (solar.virtual.ufc.br) e TelEduc (teleduc.org.br), impulsionou o uso pedagógico de ferramentas interativas, como blogs, chats, fóruns e wikis.

As tecnologias permitem, por exemplo, que alunos postem redações em blogs para avaliação dos colegas. Os estudantes também podem realizar discussões em fóruns on-line.

Além de permitir que o professor acompanhe a troca de ideias e registre a contribuição de cada um, o método pode estimular os mais tímidos a se expressarem.

MAPAS
É possível também acessar mapas, animações, simulações e vídeos em arquivos educacionais. No Brasil, um dos maiores é o do Ministério da Educação (objetoseducacionais2.mec.gov.br).

Embora muitas ferramentas de educação a distância estejam sendo usadas nos níveis fundamental e médio, é no ensino superior que elas tiveram maior impacto.
Em 2000, havia no Brasil apenas dez cursos de graduação a distância, com 1.682 alunos matriculados. Isso representava apenas 0,02% do total de graduandos no país.

Em 2008, o número de cursos saltou para 647, com 728 mil matriculados, ou 12,5% do total no ensino superior, segundo a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).

Fonte: Folha de São Paulo

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Curso de ensino à distância que também é rede social

Empresária cria curso de ensino à distância que também é rede social

O currículo de Ana Gabriela Pessoa é invejável: aos 28 anos, ela é diplomada em Política, Filosofia e Economia pela Universidade da Pensilvânia, tem mestrado de Política Educacional por Harvard e fez um estágio em Nairobi, no Quênia, junto a ONU.

Com esta bagagem, o desejo de trabalhar com desenvolvimento econômico ganhou forma. Desde 2001, Ana queria fazer a diferença para o Brasil através da educação, criando uma plataforma inovadora e pró-ativa. Foi daí que, há quase dois anos, abriu o Ezlearn, um curso de ensino à distância que promove o aprendizado através de um rede social. "A tecnologia é revolucionária por levar educação a quem não tem acesso", diz. Por enquanto, o Ezlearn só oferece curso de idioma (www.meuingles.com), mas a ideia é criar uma rede de capacitação focada na empregabilidade.

Como funciona a rede social da Ezlearn?

Temos 40 mil cadastrados. Cada usuário tem um perfil com foto e informações, tal como acontece nas principais comunidades que existem por aí. Mas a nossa é focada na educação: cada aula tem um fórum, onde o aluno pode interagir com professor e outros alunos.

O que o curso de vocês tem de diferente em relação aos outros que já estão no mercado?

Criamos um algorítimo que, através da coleta de 50 perguntas, nos permite avaliar perfis de aprendizado. O curso possui 500 horas de conteúdo, é todo online e não há linearidade. O processo de uma pessoa pode ser diferente da outra em mesmo nível, somente pelas respostas dadas na tal pesquisa.

E após o curso de inglês?

Somos focados em empregabilidade. Pretendemos dar cursos rápidos de inglês para taxista, hotelaria, tecnologia da informação... Mas não quero concorrer com ensino técnico. Não pretendo, por exemplo, instituir aulas para garçons. Estamos negociando um piloto para uma escola pública do ensino médio. Em dez anos, quero capacitar um milhão de pessoas através do Ezlearn.

Igor Fidalgo

Fonte: O Globo on line

Uso de redes sociais em ensino - qual o seu potencial?

Por Larissa Leiros Baroni, de Florianópolis

O uso das redes sociais como plataformas de aprendizagem gerou controvérsias entre os participantes do 1º Seminário Internacional GUIDE (Global Universities in Distance Education) de Educação Superior Virtual, realizado na manhã desta sexta-feira, 15 de outubro, em Florianópolis. De um lado, os que apostam no potencial das ferramentas. Do outro, os que acreditam que os espaços informais não assumem o papel no sistema de aprendizagem.

Segundo Anna Beatriz Waehneldt, do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio), cerca de 80% do aprendizado se substancia fora do ambiente formal. "Daí a importância de incluir dentro do próprio ambiente acadêmico virtual espaços e informações que completem o processo de formação dos estudantes", afirmou Anna Beatriz, que aponta a ferramenta como alternativa para a construção do relacionamento entre os alunos e professores. "É extremamente possível produzir dentro desses ambientes questionamentos produtivos", garantiu.

A afirmação de Anna Beatriz foi compartilhada por Marcelo Fabián Maina, da UOC (Universitat Oberta de Catalunya), na Espanha, que apresentou a própria experiência da instituição espanhola para justificar a suposta efetividade das redes sociais no processo de aprendizagem. "O Facebook tem sido utilizado por nossos professores como plataforma de intercâmbio de informação e comunicação. O Twitter também tem substituído em alguns casos os chats, com a promoção de debates", exemplificou ele.

Em contra partida, Jucimara Roesler, diretora da UnisulVirtual - programa de educação a distância da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) -, acredita que as redes sociais não são espaços de aprendizagem e formação, principalmente pela banalização das ferramentas no contexto social. Ela justificou sua afirmação com o resultado de uma pesquisa realizada entre os alunos da UnisulVirtual e da UOC sobre o uso dos espaços interativos. "Grande parte dos entrevistados apontou a preferência pela utilização de meios instrucionais que viabilizem o processo de ensino ou o contato com os professores", declarou ela.

As redes de aprendizagem, segundo Jucimara, são compostas por ações didáticas, recursos tecnológicos, conectividade e narrativas virtuais. "As redes sociais funcionam apenas como uma estratégia institucional, mas não como parte do processo educacional", acrescentou a diretora da UnisulVirtual.

Maiana aposta no potencial das redes sociais. Para ele, basta que as instituições de Ensino Superior adaptem as ferramentas aos objetivos educacionais dos programas virtuais. "Cada rede possui distintas funções a disposição das universidades, que podem testá-las aos poucos e avaliar a receptividade dos alunos e a influência dessas ferramentas no processo de ensino", sugeriu ele.



Fonte: Portal Universia

1.º Seminário Internacional Guide de Educação Superior Virtual

O 1.º Seminário Internacional Guide de Educação Superior Virtual, realizado semana passada em Florianópolis, mostrou que a educação a distância pode crescer no País, mas precisa ter qualidade. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredric Litto, o preconceito em relação à modalidade está diminuindo. "A taxa de evasão é semelhante à do ensino presencial, o que prova que, quem está fazendo, está gostando", afirmou. Litto lembrou ainda que todo mundo pode aprender de forma virtual, independentemente de fazer um curso formal. "Temos bibliotecas e museus em que se pode fazer visitas virtuais."

Para Jucimara Roesler, diretora-geral da UnisulVirtual, instituição organizadora do seminário, o evento internacional demonstra o peso que a educação a distância está ganhando no País. "Pudemos discutir as perspectivas e inovações, aprender o que está sendo feito na Europa, por exemplo", afirmou.
Também foram discutidos no evento temas como os desafios de superar as barreiras culturais e de idiomas no uso do e-learning, ensinar e aprender com o uso do mobile learning.

Fonte: O Estado de São Paulo

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O admirável mundo digital

O admirável mundo digital


Vivemos hoje a era digital em sua plenitude. Ela significa comunicação instantânea, em qualquer lugar e a qualquer hora, TV digital com imagens de alta definição e 3D, chips multinúcleos, internet de banda larga, softwares de produção gráfica, realidade virtual, sistemas de multimídia e dispositivos de armazenamento de muitos terabytes.

A maior parte dessa revolução ocorreu nos últimos 20 anos. Nesse curto período da história humana, a tecnologia criou um Admirável Mundo Novo Digital, designação que escolho por analogia com o título do famoso livro de ficção científica de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, publicado em 1932.

Esse novo mundo está sendo construído a cada dia por bilhões de seres humanos, com a crescente popularização e disseminação do computador pessoal, do celular, da internet, da fibra óptica e, em breve, do Blu-ray e da TV digital com imagens tridimensionais (3D).

A fotografia é um caso exemplar das profundas mudanças de nosso tempo. Em apenas duas décadas, a tecnologia digital sepultou os velhos, custosos e lentos processos fotoquímicos dos velhos filmes e substituiu-os por avançados processos eletrônicos e digitais. Por isso, posso fazer 10 fotos ou uma centena, pelo mesmo preço. Ou distribuir milhares de fotos pela internet, gastando uma quantia ínfima.

Duas décadas. A teia mundial (worldwide web ou www) marcou o nascimento da internet como a conhecemos, em 1990. Hoje, essa rede já conecta 2 bilhões de seres humanos, a metade deles com acesso em banda larga, via cabo, fibra óptica ou redes sem fio, como o celular 3G, Wi-Fi ou WiMax.

Há 20 anos, ficávamos boquiabertos com a comunicação de dados à velocidade de 9,6 quilobits por segundo (kbps). Hoje, as transmissões entre corporações podem alcançar uma velocidade um milhão de vezes mais elevada, ou 10 gigabits por segundo (Gbps).

O processo de digitalização e a microeletrônica são, sem dúvida, as alavancas tecnológicas mais poderosas e responsáveis pelas profundas transformações sociais e econômicas de nosso tempo. Ao longo das últimas décadas, elas revolucionaram não apenas as novas tecnologias da informação e da comunicação como todos os demais segmentos da economia e da indústria.

É claro que essa revolução não começou há 20 anos, mas, sim, com a invenção do transistor, na metade do século passado. Em seguida, vieram o circuito integrado e o chip ou microprocessador. Três palavras inglesas resumem a revolução dos componentes microeletrônicos: smaller, faster, cheaper (menores, mais rápidos e mais baratos).

O que muda. O mundo começa a viver a Sociedade do Conhecimento em sua plenitude. Nessa nova sociedade, a produtividade alcança níveis impensáveis, impelida por todas as formas de automação, pela expansão mundial da internet e pelo crescimento explosivo das redes de telecomunicações.

Essa revolução tecnológica muda quase todos os paradigmas anteriores. Substitui processos analógicos por digitais, átomos por bits, ferramentas físicas por virtuais, banda estreita por banda larga, comunicações fixas por móveis, serviços unidirecionais por interativos, máquinas e equipamentos dedicados por multifuncionais.

As ferramentas de meu trabalho jornalístico mudam incessantemente. Hoje, quando viajo, acoplo ao meu netbook um dispositivo externo de memória do tamanho de um telefone celular, que armazena 4 terabytes (TB) de informação digital, ou seja, mais do que a NASA tinha em seus computadores em 1990. Nesse dispositivo, estão mais de 10 mil artigos e textos, fotos, documentos e fontes de informação de que posso precisar em viagem.

Em meu novo tablet, posso levar hoje comigo cerca de 1.500 livros, armazenados digitalmente, sem com isso acrescentar um grama sequer ao peso de minha pasta. Com meu netbook e meu celular, posso acessar os maiores serviços de informações e de busca do mundo, para que eu possa garimpar informação em qualquer ponto da Terra.

As memórias de estado sólido (SSD, de Solid State Drive) já armazenam muitos terabytes - em lugar de gigabytes. A capacidade de processamento da informação da maioria dos desktops lançados em 2010 supera a dos mainframes dos anos 1970. Como se diz, com bom humor, o supercomputador de hoje será o desktop de amanhã.

Como será 2025. Imagine, leitor, que, daqui a 15 anos, o mundo terá cerca de 9 bilhões de celulares, ou seja, mais celulares do que habitantes. A metade desses dispositivos serão smartphones avançados.

Em 2025, só as famílias mais pobres verão a TV aberta, em broadcasting. E notem que, mesmo no Brasil, essa TV gratuita e aberta já dá sinais de preocupação diante da TV paga. As grandes ameaças ao seu modelo, no entanto, serão a IPTV, a TV Google, a Apple TV e outras. As imagens 3D se tornarão populares no cinema, nos laptops, nas câmeras fotográficas e filmadoras de vídeo.

Com a popularização dos leitores eletrônicos (e-readers), jornais, livros e revistas impressos em papel se tornarão cada vez mais raros. O turismo internacional e a maioria das viagens de trabalho utilizarão uma alternativa muito mais interessante e ecológica: os sistemas de telepresença e o turismo virtual, nos home theaters 3D, muito mais democratizantes e mais amigáveis ao meio ambiente.

Bem-vindos ao admirável mundo novo digital.

ETHEVALDO SIQUEIRA - O Estado de S.Paulo

Fonte: O Estado de São Paulo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tecnologia não substitui gente capacitada

A tecnologia da informação por si só não faz milagres. É preciso ensinar as pessoas a extraírem o melhor do contexto em que estão inseridas.

Por Adriano Filadoro

Geralmente as empresas destinam entre 1% e 3% da receita anual para projetos de tecnologia. Não há dúvida de que à indústria de TI e seus acelerados avanços pode ser atribuída grande parte do sucesso e do crescimento da economia mundial. Mas há que se considerar que nenhuma tecnologia é boa o suficiente se atrás dela não houver pessoas capacitadas.

Nos últimos 50 anos o mundo desenvolvido se sentiu desafiado a ganhar mais e mais produtividade. Chega a ser impressionante a velocidade com que o progresso bate à nossa porta, muito em função da tecnologia da informação e comunicação. Estamos ganhando uma velocidade de transformação e de criação ímpares.

Mas, analisando o capital humano que lida com tamanha evolução, percebemos que urgem mudanças estruturais nas empresas. É preciso capacitar às equipes de trabalho de modo que as pessoas sejam estimuladas a desenvolver mais suas habilidades de conhecimento, análise, intuição e criatividade.

A tecnologia da informação por si só não faz milagres. É preciso ensinar as pessoas a extraírem o melhor do contexto em que estão inseridas. Vejamos: determinada empresa investe na infraestrutura de rede, contando com uma estação de trabalho para cada vendedor/atendente. Investe, também, em aplicativos que permitem elaborar e transmitir orçamentos aos clientes em curto espaço de tempo. Entretanto, ao não capacitar sua mão de obra apropriadamente, se arrisca a perder aquele cliente que faz contato por telefone – na esperança de que um profissional especializado compreenda suas necessidades e possa contribuir para a realização de uma compra acertada.

Enquanto o colaborador se preocupa com a "formalização", o cliente se frustra porque não conseguiu obter "informação". No âmbito das pequenas e médias empresas, esse tipo de relacionamento mal resolvido é muito comum, gerando insatisfação. O cliente se queixa do vendedor que, por sua vez, se queixa do sistema que trouxe consigo mudanças no atendimento. Imagine o quanto seria melhor se o vendedor/consultor pudesse destinar cinco minutos daquele dia para ouvir o cliente, compreender como poderia atender àquele pedido de modo que resultasse numa equação "ganha-ganha", em que todos saem satisfeitos.

Numa outra situação, uma fila de pacientes aguarda – com cara amarrada – a volta do sistema, que "saiu do ar". De repente, os mesmos atendentes que até bem pouco tempo colhiam dados do paciente, transcrevendo tudo para o papel e repassando depois para os médicos e para a administração, sentem-se incapazes de resolver qualquer coisa que dependa do acesso ao computador. Não fazem isso por vontade própria, é claro. Mas porque faltou à direção da empresa capacitá-los para que desenvolvessem o senso de oportunidade e improviso. Preferem, também nessa situação, arriscar o relacionamento com o cliente.

Não se pode duvidar que a tecnologia nos dotou de velocidade suficiente para atender às demandas da nova economia. Mas é preciso aguçar o senso crítico e perceber que a tecnologia, por mais avançada que seja, ainda não substitui a tomada de decisão dos seres pensantes que fazem uso dela. O sucesso não vem fácil, mas chegará mais rapidamente se os empreendedores privilegiarem seus colaboradores e incentivarem o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e comportamentais.

Adriano Filadoro - diretor de tecnologia da Online Brasil, empresa com 17 anos de atuação na indústria de TI, com foco em Data Center Inteligente.

Fonte: www.administradores.com.br

57% das crianças entre 5 e 9 anos já usaram computador

Pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil ouviu mais de 2.500 crianças

Nathalia Goulart

A nova geração já é digital. Essa é uma das conclusões da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e da Comunicação por Crianças no Brasil, divulgada nesta quinta-feira, que mostra que 57% das crianças entre 5 e 9 anos de idade já usaram o computador. No entanto, o acesso à internet ainda se mostra restrito, já que apenas 23% dos entrevistados já navegaram na web.

A pesquisa foi realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) em parceria com o instituto Ipsos Public Affairs. Foram realizadas 2.502 entrevistas com crianças de todo o país entre os dias 21 de setembro e 27 de outubro de 2009.

Segundo o levantamento, as habilidades para o uso do computador se originam principalmente na escola: 20% das crianças mencionaram ter aprendido a utilizar o equipamento na instituição de ensino. Os pais, por outro lado, têm uma participação secundária nesse processo. Eles foram mencionados por apenas 16% das crianças que usam o computador como mestres na iniciação da vida digital. A mesma proporção de crianças declarou ter aprendido a usar a ferramenta sozinha.

Apesar de a escola ser a principal referência em matéra de educação digital, ela não é o local onde as crianças mais usam os computadores. Nesse quesito, o lar figura em primeiro lugar: 29% dos entrevistados revelaram que usam o computador preferencialmente em casa. A escola vem em seguida, com 14%; 12% usam a máquina na casa de outra pessoa e outros 12%, em lanhouses ou telecentros.

O uso que as crianças fazem dessa peça da tecnologia é interessante. Precisamente 80% delas utilizam o computador para desenhar, 64% escrevem textos e 60% ouvem músicas.

Internet – A diferença entre a parcela das crianças que já utilizaram um computador (57%) e aquelas que já acessaram a internet (23%) chamou a atenção dos pesquisadores. "Em nenhuma outra faixa etária da população adulta essa diferença é tão grande, de 34 pontos percentuais”, observa Juliano Cappi, responsável pela análise dos dados.

O maior ou menor distanciamento das crianças em relação à web poderia ser explicada pela renda familiar, segundo o pesquisador. Somente 10% das crianças que compõem famílias cuja renda mensal é de no máximo um salário mínimo já tiveram contato com a rede. Quando a renda atinge ou ultrapassa dez salários mínimos, o percentual salta para 80%.

Outro aspecto relevante revelado pela pesquisa é o papel secundário das escolas no acesso à internet. Enquanto 27% das crianças declararam ter usado a internet nesse local, somente 14% citaram a instituição de ensino como lugar onde utilizam a rede com frequência. Até mesmo as lanhouses registram um índice mais significativo: 17%. Os resultados revelam a importância do uso domiciliar: 49% declararam utilizar a internet em casa, e 46% afirmaram ser este o lugar em que mais se usa a rede.

Entre as atividades mais realizadas pelas crianças na rede, as tarefas lúdicas foram as mais citadas. Segundo pesquisa, 91% dos entrevistados utilizam a rede para jogar, enquanto 27% aproveitam o acesso para visitar algum site de relacionamento.

Fonte: Valor on line