Os professores das faculdades têm dificuldades para despertar a atenção dos alunos com as aulas tradicionais. Inga Carboni, professora-assistente do College of William and Mary Mason School of Business, por exemplo, proibiu os laptops e telefones celulares em suas aulas. Ela diz que os alunos ficam surfando na internet e enviando mensagens de texto durante suas aulas, mas, no geral, não tem nada contra a tecnologia.
A professora Carboni, que ensina comportamento organizacional, usa regularmente vídeos e arquivos de áudio para ilustrar seus ensinamentos e estimular o debate em sala de aula. Para introduzir uma lição sobre diferentes estilos de liderança, por exemplo, exibe uma conversa do bombástico técnico de basquete Bobby Knight, gravada secretamente no intervalo de um jogo, que foi parar no YouTube.
"Longe de ser simplesmente uma distração em classe, acho que esse tipo de material aprofunda o aprendizado", afirma. Na medida em que as escolas de negócios e seus corpos docentes decidem as melhores maneiras de mobilizar essa geração tão íntima da tecnologia, muitas estão incorporando a multimídia - blogs, vídeos, arquivos de áudio e outras tecnologias virtuais - em cursos e seminários, uma mudança no ensino que no entender de muitos professores enriquece as aulas.
A Geração Y abrange jovens com idades entre 15 e 30 anos. Eles cresceram mergulhados no mundo digital, acostumados a surfar na internet, enviar mensagens de texto, ouvir música e assistir televisão ao mesmo tempo. Muitos mal conseguem se lembrar de como eram suas vidas antes do Facebook. Atrair a atenção desses jovens na classe, com aulas tradicionais e discussões de estudos de casos, é um desafio.
Sam Dunn, diretor de tecnologia da Olin Graduate School of Business do Babson College, diz que a maneira como a nova geração aprende e a absorve informações é muito diferente. "Um dos desafios envolve o intervalo de atenção. Pedir a eles para que se sentem e leiam um livro durante três horas pode ser demais. Nosso corpo docente precisa passar conteúdo da maneira que eles estão acostumados a digerir."
Dentro desse espírito, escolas de negócios de todas as partes do mundo vêm equipando seus prédios com uma série de tecnologias que possibilitem aos professores intercalar vídeos com planilhas, sites da internet e exibições em Powerpoint. Muitas estão testando softwares que ajudam os alunos a tomarem notas enquanto gravam versões em áudio das aulas; alguns professores pedem aos alunos que levem celulares para a aula, para decidir tópicos de discussões por mensagens de texto.
Escolas de negócios que incluem a Babson e a Fuqua School of Business da Duke University, estão experimentando sistemas de videoconferência que permitem aos professores incluir transmissões de palestrantes convidados a distância. Elas também usam essa tecnologia para possibilitar a participação nas discussões dos alunos fora do campus. "Trazer a tecnologia social da informação para o ensino é uma mudança grande", afirma Dunn.
Tom Smith, professor-assistente de finanças da Goizueta School of Business da Emory University, por exemplo, adota uma postura mais prática em seu curso de macroeconomia. Os alunos vão para as aulas armados com o computador Mac e, ao longo do curso, precisam baixar da internet dados oficiais do governo, representar graficamente o PIB e então alterar os percentuais para entender o que cada dado revela. "Em vez de ficar com discussões teóricas, nós olhamos para situações específicas. Em algum momento, seus questionamentos acabam levando as coisas de volta para a teoria e as ideias abrangidas nos textos. Mas elas precisam ser relevantes", afirma Smith.
É claro que a nova tecnologia na sala de aula não é uma garantia de melhoria da experiência de aprendizado; há quem diga que as quinquilharias eletrônicas prejudicam a qualidade das discussões. Bill Gribbons, diretor do programa de design da informação da McCallum School of Business da Bentley University, é seletivo em relação ao uso da tecnologia. "Pedagogicamente, você precisa pensar no que está tentando conseguir. Um vídeo pode ser melhor para passar um determinado conteúdo, mas uma aula normal pode ser melhor que um blog em outro conteúdo", afirma. "O que me preocupa são os professores que estão abraçando a tecnologia apenas pelo seu valor de entretenimento. Precisamos ser cautelosos, porque isso pode promover o pensamento raso", acrescenta.
Linda Anderson - Do Financial Times
Fonte: Valor Econômico
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
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